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A colheita da floresta: Uma estratégia de desenvolvimento social e economicamente viável ao desmatamento?
Author(s) -
Patricia Andrade de Oliveira
Publication year - 2010
Publication title -
confins
Language(s) - English
Resource type - Journals
ISSN - 1958-9212
DOI - 10.4000/confins.6448
Subject(s) - humanities , forestry , geography , philosophy
A Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), realizada no Rio de Janeiro em Junho de 1992, representou um evento único no âmbito das relações internacionais, inserindo definitivamente o meio ambiente como questão global. Durante a Rio 92, foram sugeridas estratégias de atuação local para os governos no sentido de promoverem um crescimento econômico ecologicamente e socialmente equilibrado. A Convenção da Biodiversidade, realizada durante a CNUMAD, reafirmou a soberania dos países sobre seus recursos biológicos e definiu ainda que cada país criasse condições para facilitar o acesso aos recursos genéticos, da mesma forma que teria direito a buscar a repartição justa e eqüitativa dos benefícios derivados do seu uso.Central para esse processo têm sido os debates sobre o papel da atividade comercial na preservação do meio ambiente e, em particular, da biodiversidade, da qual dependem os sistemas econômicos e climáticos mundiais.Este artigo examina a teoria adotada por várias estratégias de desenvolvimento atuais que atestam que a economia de mercado globalizada salvará a biodiversidade mundial. Segundo essa corrente, a conservação da biodiversidade deve ser coordenada com a utilização de seu potencial de gerar renda, ou seja, criar incentivos financeiros para encorajar os habitantes locais a serem guardiões eficientes das florestas. A “Colheita da Floresta Tropical” (Rainforest Harvest) é uma das estratégias orientadas para o mercado que pretende conciliar a conservação com a utilização da natureza e se baseia no extrativismo sustentável de produtos não-madeireiros, de forma a não interferir no ecossistema, enquanto mantém o equilíbrio das cadeias alimentares. O princípio da Colheita de Floresta Tropical é, portanto, o de que se puder ser demonstrado que as florestas possuem mais valor quando deixadas de pé do que quando são derrubadas, elas terão mais chance de serem preservadas.Este artigo analisa o acordo firmado entre a empresa de cosméticos inglesa The Body Shop e as comunidades Kaiapó Pycany e A’Ukre no estado do Pará, Brasil e está dividido em cinco partes. A primeira parte apresenta a questão do desmatamento propiciado pelos projetos de desenvolvimento do governo brasileiro na Amazônia na década de 1970 e os impactos da chegada desses projetos sobre as populações locais especialmente nas comunidades indígenas, tornando mais difícil o acesso às suas terras tradicionalmente ocupadadas. A segunda parte trata das noções de “ecodesenvolvimento” e de “desenvolvimento sustentável”, as quais nortearam a agenda das empresas envolvidas em projetos de desenvolvimento econômico junto às comunidades locais. A terceira parte apresenta características gerais da comunidade Kaiapó envolvida no projeto comercial de Colheita da Floresta Tropical. A quarta parte apresenta os campos de disputa sobre a teoria da “Colheita da Floresta Tropical” como alternativa social e economicamente justa ao desmatamento. A quinta parte apresenta e detalha o projeto de parceira entre a empresa “The Body Shop” e a comunidade Kaiapó para o fornecimento de óleo de castanha. A parte final conclui o artigo La conférence des Nations Unies sur l’environnement et le développement (CNUMAD) qui s’est tenue à Rio de Janeiro en juin 1992 aura representé un événement impair dans l’aire des relations internationales, présentant définitivement l’environnement comme une question global.Au cours du Rio 92, avaient été suggerées des stratégies d’action locale pour les gouvernements allant dans le sens de promouvoir une croissance économique, écologiquement et socialement equilibrée. La convention de la biodiversité, realisée pendant la CNUMAD, a consolidé la souveraineté des pays sur leurs ressources biologiques et, ainsi, aura defini que chaque pays, devrait fomenter les conditions pour faciliter l’accès aux ressources génétiques.De la même façon, ces pays participants auraient le droit de rechercher la meilleur répartition, juste et équitative, des bénéfices obtenus par son utilisation.Le point central pour ce processus aura été les débats sur le rôle de l’activité commercial dans le cas de la préservation de l’environnement, en particulier de la biodiversité dont dépendent les systèmes économiques et climatiques mondiaux. Cet article traite de la théorie adoptée par plusieurs stratégies de développement actuelles qui atestent que l’économie de marché globalisée sauvera la biodiversité mondiale.D’après cette théorie, la conservation de la biodiversité doit être coordonnée avec l’utilisation de son potenciel de gérer des revenus, meilleur dire, créer des stimulations financières afin d’encourager les populations locales à être des gardiens efficients des forêts.La Cueillette de la Forêt Tropical (Rainforest Harvest) est une des stratégies orientées pour le marché qui prétend concilier la conservation, en utilisant la nature d’une manière autosustentable, qui préserve l’écosystème avec des produits qui ne sont pas en bois, mais qui maintiennent l’équilibre des chaînes alimentaires. Le but de la Cueillette en Forêt Tropical est, pourtant, de montrer que les forêts ont plus de valeur avec la préservation des arbres.Cet article, donc, analyse l’accord passé entre l’entreprise de cosmétiques d’origine anglaise, “The Body Shop” et les communautés Kaipó Pycany et A’Ukre dans l’état du Pará, au Brésil. Cet accord est sousdivisé en cinq parts. La première présente la question du déboisement, favorisée par le projet de developpement entrepris par le gouvernement brésilien en Amazonie dans les années 70, et les répercussions de ces projets sur les populations locales, spécialement sur les communautés indigènes, difficultant ainsi l’accès à leurs terres, traditionnelement occupées. La deuxième partie abrange les notions de “ eco-développement” et du “développement sustentable” lesquels oriente l’agenda des entreprises interessées. La troisième part présente les caractéristiques générales relatives à la communauté Kaiapó interessée. La quatrième part présente les champs de dispute sur la théorie de la Cueillete de la Forêt Tropical comme alternative social et économiquement juste sur le déboisement . La cinquième présente et détaille le projet de partenariat entre l’entreprise “ The Body Shop” et la comunauté Kaiapó pour la fourniture d’ huile de noix du Pará. Cette dernière observation conclut l’article. The World Conference of Environment and Development (WCED), held in Rio d Janeiro in June of 1992, was a unique international relations event in the and definitely gave the environment its deserved position in the international agenda as a global concern.During the so-called Rio 92, governmental strategies for the development of local social and economically sustainable development were suggested. Also, the Biodiversity Convention, which took place during the WCED, highlighted the sovereignty of nations over their biological resources and defined that each country should create its own conditions to facilitate access to genetic resources while promoting the fair and equitable sharing of the benefits derived from the use of such resources.Central to this process are debates over the role of the economic activity in environmental protection, especially the protection of the world’s biodiversity resources upon which the whole economic and climatic systems depend.This paper examines the theory behind some modern development strategies, such as the one that supports that the market economy will save the world’s biodiversity. According to this line of thought, the conservation of biodiversity resources must go hand in hand with its potential to generate income, in other words, economic incentives would ultimately encourage local communities to efficiently protect their forests.The Rainforest Harvest is an example of market-oriented strategy aimed at conciliating both the objectives of conservation and use of biodiversity resources. It is based on the sustainable extraction of non-timber-forest products (NTFPs) so as not to interfere with the balance of both the ecosystems and the food-chain. The principle of the Rainforest Harvest is, therefore, that if it can be shown that forests are more valuable while they are standing, they will have more chance to be preserved.This article examines the partnership deal between the British cosmetics company The Body Shop and the Kaiapó communities Pycany and A’Ukre in the the brasilian state of Pará. It is divided into five parts. The first part examines deforestation as a consequence of governmental development projects in the Amazon during the 1970’s. Such projects had impacts on the local population, especially on indigenous communities and made their access to land even more difficult. The second part deals with the notions behind most market-based development strategies, like the “Ecodevelopment” and “Sustainable Development” while the third part presents the Kaiapós involved in Rainforest Harvest trade-agreement. The fourth part examines the controversies over the “harvest” concept as a socially and economically equitable alternative to deforestation. The fifth part presents the case-study of the trade partnership between the company The Body Shop and the Kaiapó community for the supply of Brazil nut oil