
Xangô, Jurema e Umbanda: anotações sobre três formas de religião popular na região do Recife
Author(s) -
Roberto Motta
Publication year - 2020
Publication title -
revista del cesla
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
eISSN - 2081-1160
pISSN - 1641-4713
DOI - 10.36551/2081-1160.2020.26.3-24
Subject(s) - humanities , art
Encontramos na área da cidade do Recife, no Nordeste do Brasil, três formas principais de religião popular, sincrética e mediúnica. O Xangô, influenciado pelas religiões da África Ocidental, pratica o culto aos orixás africanos, sincretizado aos santos do Catolicismo, através do sacrifício de animais e da festa, acompanhada pelo transe e pela dança. A Jurema gira em torno dos caboclos e dos mestres, que oferecem consolo e conselhos. A aspersão do consulente com fumaça de tabaco é rito frequente. Também característico é o consumo da jurema, bebida preparada com a raiz da árvore da jurema. A Umbanda, além de entidades sobrenaturais que são especialmente suas, cultua as entidades do Xangô e da Jurema. Estas devem passar por um processo de “branqueamento”. Supõe-se que sejam entidades primitivas, mas capazes de progredir através da doutrinação por espíritos evoluídos. Aí se encontra o vislumbre de uma atitude ascética, estranha ao Xangô e à Jurema. De acordo com nossos cálculos, Xangô, Jurema e Umbanda compreendem, respectivamente, 30%, 60%, e 10% de uma membresia de 150.000 pessoas. Aí não estão incluídos simpatizantes e frequentadores avulsos. O processo ritual é um campo de batalha socioantropológico. Transe, festa, dança ligam-se à organização e ao poder dentro dos grupos de culto e a concepções abrangentes de desenvolvimento pessoal e coletivo.