
Do Colonialismo ao Cosmopolitismo
Author(s) -
Leonel Ribeiro dos Santos
Publication year - 2022
Publication title -
estudos kantianos
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
ISSN - 2318-0501
DOI - 10.36311/2318-0501.2021.v9n2.p93
Subject(s) - humanities , philosophy , logos bible software , theology
Embora não seja documentável uma relação entre Kant e os pensadores ibéricos tardo-renascentistas e proto-modernos (tomados aqui coletivamente sob a designação de “Escola Ibérica da Paz”) por um conhecimento direto de fontes ou mesmo indireto de influências, todavia, algo do pensamento desses filósofos e teólogos ibéricos passou, pelo menos através do magistério e das obras de Francisco de Vitoria e de Francisco Suárez a alguns autores modernos, como Hugo Grócio e Samuel Pufendorf e, por estes, também a pensadores posteriores, nomeadamente, a Christian Wollf, Emmerich Vatel e Immanuel Kant. Assim, o que me proponho é identificar alguns tópicos que compõem a constelação do ius cosmopoliticum de Kant e reconhecer a sua correspondência com algumas das ideias dos pensadores ibéricos do tardio Renascimento e Proto-modernidade. A tese que proponho é que, com a sua ideia de ius cosmopoliticum, Kant recupera e desenvolve numa nova arquitetónica jurídica, o essencial daquilo que, naqueles pensadores, era entendido como sendo os inalienáveis direitos naturais dos homens, dos povos, da humanidade, os quais deviam inspirar todo o ordenamento jurídico-político, fosse no plano civil dentro de cada Estado, ou fosse no plano das relações internacionais entre Povos e Estados.