
REPRESENTAÇÃO IMAGÉTICA DE DEUS EM CRIANÇAS, ADOLESCENTES E JOVENS ADULTOS: INVESTIGAÇÕES A PARTIR DA PSICOLOGIA GENÉTICA
Author(s) -
Carollina Souza Guilhermino,
Dener Luiz da Silva
Publication year - 2020
Publication title -
schème : revista eletrônica de psicologia e epistemologia genéticas
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
ISSN - 1984-1655
DOI - 10.36311/1984-1655.2020.v12n2.p66-95
Subject(s) - humanities , philosophy , art
Investigou-se a representação da imagem de Deus em crianças, adolescentes e jovens adultos. Participaram da pesquisa trinta sujeitos, com idades variando de 8 a 28 anos. Utilizou-se três instrumentos: formulário com informações socioeconômicas e gerais sobre a temática; desenho autoral sobre a representação em questão; e entrevista semiestruturada inspirada no método clínico-crítico. Os resultados, analisados em diálogo com a Epistemologia genética piagetiana, indicam que a representação imagética e conceitual de Deus, ou divindade, estabelece-se como estrutura cognitiva de difícil acesso e elaboração por parte dos sujeitos, evoluindo de uma perspectiva antropomórfica, rica em elementos cotidianos, para abstrata mas, paradoxalmente, mais rígida. O grupo de crianças elaborou representações com conteúdo e estrutura próximas às suas vivências, indicando “Deus” como figura com traços e expressando sentimentos humanos. Os adolescentes complexificaram sua representação imagética adicionando temáticas sociais e elementos abstratos, mas representaram cognitivamente a Deus como ainda próximo da figura antropomórfica. Já os jovens adultos, além da evidente dificuldade na elaboração verbal e figurada da representação solicitada, acrescentaram críticas às práticas religiosas e às imagens comuns ou historicamente construídas de Deus, preferindo uma representação abstrata e, por vezes, não dimensional. A investigação corrobora resultados de outros estudos, mas propõe, ao final, hipóteses diversas e complementares de interpretação, tais como a menor complexidade dos desenhos favorecer maior flexibilidade representacional, a retomada das relações entre aspectos figurativos e operativos, bem como o valor heurístico da temática para a investigação sobre a influência do social no desenvolvimento cognitivo como um todo.