História e presente em coexistência

Muito antes da chamada ocidentalização do Japão, no século XIX, a figura feminina exercera enorme influência sobre a sociedade nipônica, presente nas formas de explicação mítica sobre a origem do mundo e da vida desde a era Muromachi (1336). Por muito tempo, a ideia de companheira fiel, guardiã do lar e geradora de filhos marcara a mulher nipônica do círculo familiar antigo, mas processualmente abriu espaço para a emergência da “nova mulher”, ao final da segunda metade do século XX. Desse modo, a independência financeira, a realização profissional e a maior segurança são conquistas recentes que coexistem com problemas sociais patológicos a partir do pós-guerra. Dentro deste universo de pesquisa, procura-se analisar o processo de constituição social da mulher japonesa através de determinados fenômenos da história do Japão Antigo e Moderno, tais como o sistema ie de família tradicional e as transformações da Era Meiji (1868-1912). Metodologicamente, parte-se de análise literária mediante a articulação de preceitos sociológicos com os estudos sobre cultura japonesa. Este novo cenário é autêntico na história de um país secular demarcado por sistemas patriarcais e mecanismos rígidos de conduta ético-moral. As aparências e estigmas passados precisam ser analisados pelo olhar do cientista social para a apreensão das novas singularidades.