Fabiano: uma representação do homem pobre rural

Nelson Pereira dos Santos, em Vidas Secas, leva ao máximo a contenção verbal dos personagens proposto pela obra literária de Graciliano Ramos, na qual o filme se baseia. O homem pobre rural pintado pelo filme tem seus diálogos reduzidos a um balbucio lingüístico, sons monossilábicos, exprimindo assim a miséria do vaqueiro e sua família em suas poucas palavras, visto que são confinados nos níveis mínimos de sobrevivência. O filme nos dá a noção de ciclo fechado e sua estrutura obedece ao suceder das estações. Ele acaba como começa: na estação da seca, Fabiano e sua família vão para a estrada, em busca de um novo lugar para trabalhar. A travessia na qual Fabiano se lança parece não terminar nunca, entretanto ele se arrisca, aventura-se, fugindo do que conhece e buscando o que desconhece. Almeja chegar em outro lugar, encontrar outras possibilidades de vida, trabalho, realização, divertimento e emancipação.