Experiências sexuais precoces

O presente artigo é uma reflexão concernente à questão das expe­ riências sexuais precocese dos efeitos negativos provocados por uma inter­ dição tardia de tais experiências, já consideradas normais pelas crianças e adolescentes em questão.Os autores, partindo de suas experiências de intervenção clínica em instituições de amparo ao menor, bem como do trabalho psicoterápico com crianças que apresentam distúrbios de conduta sexual, chamam a atenção para a necessidade de uma melhor preparação dos educadores, mas, sobretudo daqueles que trabalham diretamente com crianças que viveram nas ruas antes de serem inseridas nas instituições de amparo ao menor. Tais crianças, depois de iniciadas nas práticas sexuais, apresentam diversas dificuldades de inserção no ambiente institucional e ncontram, também, dificuldades de aceitar e compreender a nova moral que lhes deve servir de orientação. Salientam-se ainda, os riscos decorrentes das tentativas de dominação exercida pelas crianças maiores, maisfortes e maisexperientes, sobre aquelas que não tiveram experiências nas ruas, sendo que essas últimas se tornam um alvo fácil de violência física e sexual no seio da instituição.Após algumas considerações sobre o lugar que tal reflexão ocupa no cenário político nacional, bem comoo lugar que a educação social ocupa na família e no sistema escolar, os autores concluem que a interdição tardia imposta à criança e ao adolescente, de forma brusca e radical, constitui-se num fator traumático suplementar na vida de crianças já bastante vitimadas e marcadas pela violência social.