
Entre a razão e a paixão: o mito ovidiano de Píramo e Tisbe revisitado em Romeu e Julieta, de Shakespeare
Author(s) -
Jorge Alves Pinto,
Viviane Moraes de Caldas
Publication year - 2021
Publication title -
revista letras raras
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
ISSN - 2317-2347
DOI - 10.35572/rlr.v10i3.2141
Subject(s) - humanities , art , philosophy
O presente artigo tem como objetivo realizar uma análise de duas obras literárias: Romeu e Julieta de William Shakespeare e o mito Píramo e Tisbe, presente no livro IV das Metamorfoses do poeta latino Ovídio. Ao comparar os dois textos, investigamos seus aspectos trágicos à luz do Estoicismo, como proposto pelo filósofo e tragediógrafo latino Sêneca. Os principais aportes teóricos são os textos de Sêneca, Cícero e Brun (1986) para as discussões acerca do Estoicismo; Aristóteles, Ubersfeld (2010) e Brait (1980) para as considerações acerca da personagem e do trágico; Bate e Rasmussen (2007) e Heliodora (2016) para discussões sobre Shakespeare; Closel (2011), Lucas (1922), e Lohner e Freitas (2014) para orientar as considerações acerca da influência latina no teatro Elisabetano. Consideramos que as personagens responsáveis por moverem os enredos nas duas obras deixam-se influenciar pelo affectus e, tomados pela paixão, contrária à razão, tomam decisões imprudentes que resultam em catástrofes. As catástrofes semelhantes em Shakespeare e em Ovídio retratam as consequências da alma que permite que a paixão se instale, colocando de lado a sua racionalidade. A morte trágica, como resultado do não comedimento, funciona, no trágico, como um recurso pedagógico aos leitores dos textos trágicos em questão.