
Nas veredas do chiste e do riso
Author(s) -
João Paulo Santos Silva
Publication year - 2018
Publication title -
tabuleiro de letras
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
ISSN - 2176-5782
DOI - 10.35499/tl.v12i1.4586
Subject(s) - humanities , philosophy , art
Este trabalho analisa trechos da obra Grande sertão: veredas (1956), de João Guimarães Rosa (1908-1967), buscando a interface entre a ficção rosiana e a perspectiva da comicidade. Para tanto, partiremos de um instrumental teórico sobre o cômico e o risível, a saber, Freud (1977) e Jolles (1976), além das discussões críticas de Galvão (1986), Nunes (2013), Utéza (1994) e Hansen (2000). As recriações linguísticas de Rosa, se interpretadas segundo a teoria psicanalítica de Freud (1977), podem ser vistas como algo de que se derivam prazer em momentos de tensão, suscitando um alívio, o que permite não só que leitor prossiga na leitura, como também que a narrativa, porque densa devido às tensões das batalhas dos jagunços, flua com momentos de distensão. No entanto, a sua função vai além disso: a relativização de valores e de comportamentos talvez seja o mais recorrente. Nesse caso, portanto, o cômico decorre de uma inversão da lógica cultural e contribui para a superação de preocupações metafísicas pelo riso.