
“O Lavra” de Irene Lisboa: uma sonda modernista do tempo de Salazar
Author(s) -
Carina Infante do Carmo
Publication year - 2022
Publication title -
língua lugar
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
ISSN - 2673-5091
DOI - 10.34913/journals/lingualugar.2021.e716
Subject(s) - humanities , art
Em “O Lavra”, de Irene Lisboa, o movimento pendular de um ascensor de transporte público, metaforiza o devir colectivo, nos seus ritmos, tensões e bloqueios. Aí a cronista não apenas se pensa no fazer do texto e experi- menta uma forma de escrita ajustada ao ponto de mira modernista sobre o espectáculo urbano. Com ela representa a evanescência do movimento humano, no plano inclinado da cidade, mas também o transe histórico, marcado por gritantes assimetrias de classe e género, pela consolidação do fascismo e por sinais da guerra ao longe. Por meio da exemplaridade e do gesto alegórico com que se lêem cenas e !iguras, a crónica indaga o signi!icado de estruturas político-ideológicas subjacentes a tipos e classes sociais, na conjuntura de maior força do salazarismo: o limiar dos anos 1940. É essa a pista de leitura que tenciono explorar na referida crónica de Esta cidade! (1942).