
Insegurança Alimentar e Nutricional e sua associação com comportamentos de risco para Doenças Crônicas Não Transmissíveis em adolescentes de Juiz de Fora - MG
Author(s) -
Isabela Aparecida Ferreira da Silva
Publication year - 2021
Language(s) - Portuguese
Resource type - Dissertations/theses
DOI - 10.34019/ufjf/di/2021/00100
Subject(s) - humanities , physical activity , psychology , medicine , philosophy , physical medicine and rehabilitation
As violações do Direito Humano à Alimentação Adequada (DHAA) resultam em Insegurança Alimentar e Nutricional (InSAN), que se manifesta não apenas pela privação alimentar, como também pelo prejuízo na qualidade da alimentação, gerando importantes consequências para a saúde das pessoas. A adolescência pode ser considerada uma fase da vida vulnerável à InSAN, visto que inadequações nutricionais nessa fase podem comprometer o adequado crescimento e desenvolvimento dos indivíduos. Geralmente, essa fase marca o início da adoção de comportamentos de risco para Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) como o uso abusivo de tabaco e álcool, inatividade física e hábitos alimentares inadequados. Poucos estudos abordam as relações existentes entre a exposição à InSAN e comportamentos de risco para DCNT na adolescência. Objetivou-se investigar a associação entre InSAN e comportamentos de risco para DCNT entre adolescentes de escolas públicas de Juiz de Fora, Minas Gerais. Trata-se de um estudo epidemiológico transversal com adolescentes entre 14 a 18 anos, de ambos os sexos, dos ensinos fundamental e médio de escolas públicas do município. Para investigar a InSAN foi empregada a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA). Por entrevista face a face, foram coletados dados como sexo, cor da pele/raça, escolaridade da mãe, condição de ocupação do domicílio e classe econômica. Esta foi classificada pelo Critério de Classificação Econômica Brasil da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa. Os dados referentes aos comportamentos de risco para DCNT incluíram a experimentação de bebida alcoólica e cigarro e seu consumo nos últimos 30 dias; prática regular de exercício físico nos últimos 12 meses; tempo de atividade física em uma semana habitual pela forma curta do Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ); consumo do café da manhã, almoço e jantar, o consumo de alimentos ultraprocessados em lanchonetes e restaurantes de fast-food, refrigerantes e outras bebidas ultraprocessadas, e alimentos ultraprocessados de sabor salgado e doce. O software STATA® foi utilizado para processar as análises descritivas, bivariada das variáveis de interesse e a Regressão de Poisson com variância robusta, admitindo-se um nível de confiança de 5% (valor-p < 0,05). Os 782 adolescentes apresentaram média de idade igual a 16 anos (± 1,1), sendo 58,6% do sexo feminino, 34,8% cursavam o 1º ano do Ensino Médio, 63,5% se autodeclaravam não brancos, 74,4% residiam em domicílio próprio, 31,6% enquadravam-se na classe econômica média (B2) e 42,5% das mães possuía Ensino Fundamental completo ou o Ensino Médio incompleto. A prevalência de InSAN foi igual a 37%. A maioria dos participantes era ativa (64,1%) e referiu prática de exercícios físicos nos últimos 12 meses (55,5%), experimentação de bebida alcoólica (79,8%) e consumo regular o café da manhã (79,8%) e jantar (60,5%). A maioria referiu consumo não regular de alimentos ultraprocessados em lanchonetes ou restaurantes de fast food (95,8%) e refrigerantes (83,4%). A InSAN, a partir a Regressão de Poisson com variância robusta, associou-se à inatividade física nos 12 meses anteriores à entrevista, ao consumo não regular do café da manhã, ao consumo regular do jantar e ao consumo regular de bebidas ultraprocessadas (com exceção de refrigerantes). Os resultados obtidos apontam para uma nova perspectiva no que se refere às relações entre saúde e SAN e reforçam a necessidade de um olhar integral aos adolescentes, haja vista que as implicações da InSAN e da adoção de comportamentos de risco para DCNT nessa fase podem gerar prejuízos para sua saúde atual e futura, significando grandes desafios para os sistemas de saúde.