
Reflexões sobre a morte, o luto e as intervenções possíveis
Author(s) -
Amanda Rebeca Borges de Oliveira,
Eduardo Chierrito de Arruda,
Isadora de Moraes Blogoslawski,
Romeia Satie Sartori
Publication year - 2021
Publication title -
conversas em psicologia
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
ISSN - 2764-5053
DOI - 10.33872/conversaspsico.v1n1.reflexoes
Subject(s) - humanities , art , philosophy
O presente trabalho buscou trazer reflexões sobre o significado da morte e do luto, em como se dá o processo de luto, qual é o seu tempo, o que configura um luto ser normal ou patológico, quais as intervenções possíveis e quais as necessidades de uma intervenção. Dessa forma, foi apresentado o significado da morte no ocidente através dos estudos elaborados por Phillipe Ariès (1965), observando que a morte passou, da Idade Média aos dias atuais, de um tipo de “morte familiar” para um tipo de “morte interdita”. Assim, foi possível compreender como a morte se transformou ao longo dos séculos num tema tabu, em que não há mais espaço para se falar e viver a morte, tampouco acolher o enlutado, a dor do luto se tornou repugnante dentro da cultura ocidental da felicidade. Em seguida, foram apresentados conceitos teóricos a respeito do processo do luto através de autores clássicos como Sigmund Freud (1917) com o artigo “Luto e Melancolia” e Elisabeth Kübler-Ross (1969) com o livro “Sobre a Morte e o Morrer”. Foram apresentados também autores de artigos contemporâneos como Freitas (2017) que estudam o luto sob uma perspectiva fenomenológica-existencial, onde o luto é compreendido não mais como um processo linear que se supera, como apresentou Freud e Kübler-Ross, e sim algo que possui uma continuidade em que é preciso construir novos significados para a vida futura com a existência ausente de quem morreu. Foram então apresentadas intervenções possíveis dentro de algumas teorias, entendendo que autores como Freud (1917) entende o luto como processo natural e que é superado após um determinado tempo, e outros autores, como Aciole e Bergamo (2019) e Andrade, Barbieri e Mishima-Gomes (2017) irão compreender a intervenção como uma possibilidade importante que produz alívio para o enlutado uma vez que não há muitos espaços para se viver o luto e ressignificá-lo dentro da nossa cultura. Por fim, trouxemos à reflexão a necessidade de espaços de acolhimento e escuta para pessoas e famílias enlutadas através de políticas públicas e também a necessidade de romper as barreiras em relação aos temas da morte, promovendo mais espaços de discussão em que falar da morte é dar voz à dor humana e a liberdade a uma vida digna de ser vivida.