Imunossenescência precoce na infecção por HIV: efeito da persistência viral crônica ou da terapia antirretroviral?

As terapias antirretrovirais proporcionaram aumento da expectativa de vida das pessoas vivendo com HIV, entretanto uma grande preocupação é o aumento de comorbidades, como doenças cardiovasculares, metabólicas, ósseas e neurodegenerativas, as quais são resultantes de um fenômeno de imunossensibilidade associado ao envelhecimento celular do sistema imunológico, denominado imunossenescência. Este artigo tem como objetivo analisar os principais fatores promotores desse evento na infecção por HIV, discutindo se é resultado de persistência viral crônica ou de terapia antirretroviral. Trata-se de uma revisão da literatura desenvolvida a partir de consulta a Biblioteca Virtual em Saúde, utilizando os bancos de dados MEDLINE e LILACS. Os resultados mostraram que o vírus HIV tem o potencial de influenciar na senescência das células do sistema imunológico pela redução no número de linfócitos T CD4+, aumento de células T CD8+, encurtamento dos telômeros e baixa taxa de renovação pela deficiência na produção de seus precursores. Além disso, o tratamento com antirretrovirais também tem capacidade de acelerar a senescência das células do sistema imune, seja pela ação dos NRTIs sobre a enzima telomerase ou sobre a polimerase das mitocôndrias ou ainda produzindo estresse oxidativo. Portanto, as evidências sugerem que ambos os processos podem contribuir para o estabelecimento acelerado de um fenótipo inflamatório crônico de baixo grau resultando em uma remodelação imune precoce significativa na infecção por HIV.