Potencial uso dos resíduos de conchas de moluscos: uma revisão

O Brasil é um grande produtor de moluscos bivalves da América Latina. A atividade de malacocultura é reconhecida mundialmente como uma importante alternativa de geração de empregos, renda e alimento, que tem contribuído para a fixação de comunidades tradicionais em seus locais de origem de modo mais sustentável. Porém, as densidades elevadas de moluscos bivalves produzidas pelo cultivo podem causar impactos ambientais provocando desequilíbrios nos ecossistemas, devido a uma maior produção dos resíduos sólidos das conchas, os quais se originam a partir da retirada dos moluscos dos interiores das conchas. O objetivo deste artigo é apresentar uma revisão bibliográfica realizada a partir da literatura vigente sobre a estrutura morfológica da concha de molusco e as possíveis aplicações dos seus resíduos. A estrutura externa da concha é colorida (perióstraco), composta por uma camada intermediária com placas de aragonita comprimidas com espessura de cerca de 0,5 µm, incorporada em uma fina matriz orgânica e por outra calcificada contendo agulhas de calcita de vários comprimentos e diâmetros, e por uma camada mais interna nacarada também calcária. As conchas de moluscos são constituídas principalmente por carbonato de cálcio (CaCO3). Por isso, os resíduos da concha têm sido utilizados na fabricação de blocos e pavimentos de concreto com absorção de água baixa e resistentes a compressão; usadas como suplementos alimentares que auxiliam no combate e prevenção da osteoporose; como carga mineral em polímeros, na fabricação de materiais compósitos ecologicamente mais interessantes e com propriedades mecânicas e térmicas melhoradas, conferindo aos mesmos rigidezes e estabilidade térmica.