Percepção docente sobre a Aprendizagem Baseada em Problemas no ensino remoto durante a pandemia COVID-19

O grande desafio das escolas médicas durante a pandemia da COVID-19 foi fazer a transição, em curto período, do ensino presencial da Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP) para o ensino remoto de emergência (ERE). Este trabalho teve como objetivo relatar os resultados da implementação da ABP no ERE no curso de Medicina de um Centro Universitário em Fortaleza. Trata-se de um estudo de corte transversal, descritivo e quantitativo. Um formulário eletrônico no formato Google Docs, enviado a todos os docentes após conclusão das atividades de tutoria do primeiro semestre letivo de 2020, avaliou sua percepção quanto à eficácia da ABP no ERE, às dificuldades de adaptação à modalidade de ERE, à sobrecarga cognitiva das sessões tutoriais e aos fatores interferentes na interação tutor-aluno online. Os tutores assinaram um termo de consentimento e o anonimato foi garantido. Responderam ao formulário 89 tutores, 60,7% do sexo feminino, idade média de 40,9 anos e mediana do tempo de experiência como tutor de dois anos. Quanto à eficácia do ABP no ERE, 49,4% dos tutores julgaram ser menor em relação ao ensino presencial; 70,8% não tinha nenhuma/mínima experiência com tecnologias educacionais antes da pandemia; 46,1% tiveram dificuldades de adaptação na modalidade de ERE; 69,6% evidenciaram a sobrecarga cognitiva dos discentes e 74,1% concordaram com a necessidade de diminuição da carga horária da tutoria. Os principais fatores que interferiram na interação tutor-aluno foram interrupção da rede de internet, câmera desligada e comunicação não verbal deficiente. Portanto, a utilização de ABP no ERE deve ser realizada de forma modificada, com diminuição das horas de atividades síncronas, com melhor capacitação dos tutores e alunos quanto às TICs, melhor conhecimento das avaliações interativas online e das medidas profiláticas da fadiga zoom.