A (dis)simetrização na alfabetização inicial e sua possível associação com variáveis linguísticas e cognitivas

Este estudo colabora na descrição do espelhamento, através da avaliação de escolares do último ano da educação infantil e classes de alfabetização, objetivando: a) traçar um parâmetro de incidência de indícios de espelhamento nessas séries, b) relacionar o espelhamento no reconhecimento e na produção escrita de símbolos gráficos e, c) avaliar possíveis associações do espelhamento com variáveis linguísticas ou cognitivas. Hipotetizou-se que indivíduos não nascem naturalmente preparados para relacionar valor sonoro e determinada direção de elementos linguísticos. As variáveis foram: lateralidade, preferência manual, produção de símbolos, sinais de pontuação, letras, números, frases, palavras e escrita do próprio nome. Avaliou-se o reconhecimento de letras, não letras, símbolos de outros sistemas de escrita, letras em outras direções e letras espelhadas, capacidade de leitura, escrita e inteligência. A produção e o reconhecimento foram avaliados com tarefas adaptadas e elaboradas. Participaram da pesquisa 129 escolares de 4 a 12 anos, de ambos os sexos, de creche, escola pública e particular no interior baiano. Os resultados mostraram que escolares que já decodificam apresentam menos produção espelhada e, em contrapartida, sujeitos ainda não leitores apresentam expressivos indícios de espelhamento em produção e reconhecimento. O espelhamento ocorre no processamento visual de quaisquer símbolos gráficos; não ocorre apenas com elementos do sistema escrito e pode permanecer em escolares que já leem. Nas tarefas de produção, quanto maior o grau de escolarização, menores foram os indícios de espelhamento. Na comparação entre segmentos linguísticos, observaram-se indícios de espelhamento em letras e palavras, mas não foram observados em frases.