A democracia brasileira em xeque (mate?): cinco interpretações

Após um gradual desenvolvimento desde sua emergência nos anos 1980, a democracia no Brasil chegou a dar sinais de ter alcançado certa consolidação. No entanto, conflitos e desequilíbrios entre os poderes da República, articulações de teor conspiratório, retorno dos militares a cargos estratégicos do Executivo, e um processo de impeachment amparado por uma frágil acusação de crime de responsabilidade em que o dolo não ficou constatado, entre outros fenômenos, geraram instabilidade e recolocaram a discussão sobre a questão democrática em evidência. Neste artigo, nosso intuito é traçar uma revisão bibliográfica sobre a temática mencionada, discutindo os problemas e limitações da democracia brasileira pós-ditadura militar a partir de cinco interpretações: Carlos Nelson Coutinho (1979), Boaventura de Souza Santos e Leonardo Avritzer (2002), Wanderley Guilherme dos Santos (2017), Luís Felipe Miguel (2017) e Vladimir Safatle, (2017). Como objetivos específicos, pretendemos apreender uma perspectiva sobre o conceito de democracia, sempre que possível observando as peculiaridades brasileiras; identificar, a partir dessas leituras, os problemas recentes da política nacional; e, por fim, traçar um panorama dos impasses da democracia em nosso país, isto é, o que a faz estar sempre sobre o fio da navalha.