
A OBLITERAÇÃO DE ARISTÓTELES NAS REFORMAS POMBALINAS DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA
Author(s) -
Paulà M. Carreira
Publication year - 2020
Publication title -
revista de estudos de cultura
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
ISSN - 2446-7189
DOI - 10.32748/revec.v5i14.13846
Subject(s) - humanities , philosophy , political science
Procuramos com este estudo evidenciar como as reformas implementadas pelo Marquês de Pombal no ensino acabaram por relegar para um plano de quase esquecimento o legado filosófico de Aristóteles. Tomando como pontos fulcrais e simbólicos desta análise a publicação do Compêndio Histórico do Estado da Universidade de Coimbra (1771) e dos Estatutos que se lhe seguiram (1772), verificamos que a construção propagandística pombalina de pendor antijesuítico aproveitou o debate intelectual que se vinha consolidando sobretudo desde o século XVII, para associar negativamente a figura do Estagirita aos Jesuítas, através do seu ensino de matiz escolástico. Com efeito, desde a revolução científica de Seiscentos que vários cientistas e filósofos vinham destacando as lacunas e o obsoletismo de algumas das teses aristotélicas (nomeadamente a do seu sistema cosmológico), para mostrar a sua desadequação aos avanços dos modernos. A influência que o legado aristotélico teve no contexto medieval e escolástico posterior constitui-se como argumento forte no combate ao edifício pedagógico inaciano, sendo, por isso, repudiado pela política reformista de Pombal.Palavras-chave: Antiaristotelismo. Reformas da universidade. Marquês de Pombal