
O conceito de ressentimento a partir de Nietzsche
Author(s) -
Antonio Ruzza
Publication year - 2021
Publication title -
revista lumen
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
ISSN - 2447-8717
DOI - 10.32459/revistalumen.v5i9.149
Subject(s) - philosophy , humanities
O conceito de ressentimento foi estudado por Nietzsche para justificar a sua crítica à moral vigente, em particular aquela do Cristianismo. Deleuze se aprofundou no estudo e na interpretação da Genealogia da Moral , a partir dos conceitos nietzschianos de forças ativas e forças reativas presentes no indivíduo. Da relação entre tais forças resultará um homem forte ou fraco. O sujeito ressentido culpa alguém pelo próprio fracasso; deseja vingar-se, mas não tem força para isso. Prefere acomodar-se no papel de vítima; não vive o presente, porque não quer esquecer o passado, que fornece sentido à sua vida. Quando é influenciado pela religião, transforma o ressentimento em má-consciência, transfere a culpa para si mesmo, valoriza o sofrimento para pagar o pecado, inverte os valores de bom e mau, nega a vida. O conceito de ressentimento foi retomado pela psicóloga brasileira M. R. Kehl. Ela concorda com a análise de Deleuze quando trata do indivíduo (que é o principal interesse de Nietzsche), e depois estende a mesma concepção ao caso da sociedade. Aqui existem grupos de desfavorecidos, que normalmente devem ser considerados só resignados quando não agem; porém, quando partem para a ação sem fazer a análise correta dos males sociais, escolhem a solução errada de ressentir-se contra quem prometeu melhoras sem realizá-las, ou contra outros grupos de oprimidos, e acabam mantendo as injustiças e as desigualdades sociais, defendidas pelos favorecidos. Dessa maneira, seguindo essa linha, as considerações de Zizek sustentam que tais grupos acabam dando adesão a movimentos populistas, cujo líder explora o ressentimento (existente também nas classes médias e superiores, mas por motivos diferentes), para promover a política de conquista do poder.