
Pedras Paulistanas
Author(s) -
Cinthya Raquel de Moura Sousa,
Raian Mateus Castelo Branco Costa
Publication year - 2021
Publication title -
revista de direito/revista de direito
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
eISSN - 2527-0389
pISSN - 1806-8790
DOI - 10.32361/2021130312817
Subject(s) - humanities , philosophy , art
Outubro de 2020. A prefeitura da cidade de São Paulo inicia uma obra de concretagem de pedras sob viadutos da Zona Leste da cidade. O argumento? Supostamente evitar o despejo de lixo naqueles locais. Quatro meses mais tarde, os blocos são removidos da paisagem paulistana. A ação revestida de política urbanística, em verdade, possui propósitos excludentes e higienistas, uma das maneiras pelas quais a “bio-necropolítica” se manifesta na sociedade. Através da chamada arquitetura hostil, propõe-se, no presente artigo, atualizar de modo tangível o conceito foucaultiano de biopolítica e estabelecer aproximações com a necropolítica do filósofo camaronês Achille Mbembe. Para tanto, ainda que se recorra a uma metodologia qualitativa de cunho teórico com base etnográfica, é do recente caso das pedras paulistanas que se concretiza o objetivo citado e torna-se possível situar o sujeito infame como maior vítima de uma não-existência, com violações sistemáticas dos seus direitos básicos.