
A URGÊNCIA DO PRESENTE: ATITUDE CRÍTICA E ÉTICA DA LIBERDADE EM MICHEL FOUCAULT
Author(s) -
Daniel Gonçalves
Publication year - 2018
Publication title -
revista dialectus
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
ISSN - 2317-2010
DOI - 10.30611/2018n12id33222
Subject(s) - philosophy , humanities
Este trabalho parte do deslocamento – apontado por Frédéric Gros – no qual as análises foucaultianas desenvolvem uma nova concepção de subjetividade, verdade e filosofia. As implicações deste deslocamento são inúmeras e remetem principalmente aos conceitos de atitude crítica e ética da liberdade. A crítica é entendida como uma atitude filosófica que precisa ser reativada frequentemente, por problematizar as relações entre saber/poder/sujeito, sem pressupor nenhum privilégio cognitivo; e a ética entendida como o trabalho pelo qual o sujeito constitui a si mesmo. Ambas são vistas como exercícios de liberdade. Uma liberdade cujo alicerce é a possibilidade concreta de um questionamento constante da verdade e uma transformação permanente do sujeito. A liberdade, para Foucault, é algo que só existe em ato, uma prática que recebe sua significação na medida em que é exercida. A ideia a ser defendida aqui é a de que a atitude crítica com seu caráter ético pressupõe uma problematização permanente de nossas verdades, uma construção constante de nossas subjetividades e uma filosofia que atenda aos apelos da nossa atualidade. Assim como a liberdade; sujeito, verdade e filosofia são práticas que só fazem sentido na medida em que são efetivamente articuladas. É neste contexto que podemos diagnosticar e compreender o presente, para que, através de uma filosofia crítica e uma ética da liberdade, possamos mudar aquilo que nos pareça necessário ser mudado. O presente urge por novas práticas de liberdade, mas elas possuem o cuidado de si como pré-requisito, ou seja, só podemos fazer sua ontologia em termos de práticas de liberdade que pressupõem uma transformação do sujeito através de relações nas quais ele se engaja livremente.