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O SUJEITO DA FILOSOFIA É PRODUTO OU PRODUTOR DA HISTÓRIA? REFLEXÕES ENTRE KANT E FOUCAULT
Author(s) -
Felipe De Campos Ribeiro
Publication year - 2017
Publication title -
revista dialectus
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
ISSN - 2317-2010
DOI - 10.30611/2017n11id31007
Subject(s) - philosophy , humanities
O objetivo deste artigo é refletir sobre a ambivalência atividade/passividade, intrínseca ao sujeito histórico, que marca flagrantemente o pensamento ético e político do último Foucault. Isto, a partir de uma reanálise dos próprios textos do “Kant prático” que foram neste sentido evocados e analisados pelo autor à ocasião do ministério de seu curso de 1983 no Collège de France. Foucault se autodiagnostica como historicamente proveniente de uma certa tradição kantiana comprometida com uma “ontologia do presente” (com o aqui e agora da filosofia, com a prática da verdade). Porém, quando reflete em termos históricos sobre a mesma, depara-se com uma ambivalência fundamental: esta tradição, a um só tempo, seria a expressão de um processo histórico já em curso, que produziria, determinaria, tornaria possível, estes sujeitos e este presente em que se está; mas seria, ao mesmo tempo, um exercício ativo daqueles que promovem este processo, daqueles que teriam o dever de militar no uso de sua livre expressão rumo ao aprofundamento deste processo que já vem acontecendo. No limite, os filósofos, seriam, concomitantemente, passivos e ativos, produzidos e produtores, elementos e atores de um mesmo processo. Este foi o problema do qual partimos. Nossa metodologia consistiu na análise hermenêutica da bibliografia utilizada. Como resultado, descobrimos que opúsculo de Kant sobre o qual trabalhamos (Resposta à pergunta “o que é o Esclarecimento?”) conduz a uma aporia, na medida em que o momento onde é possível passar a “pensar sem a tutela de outrem” (exortação central do texto) – ou seja, ser um sujeito ativo, visto de uma perspectiva histórica - resta perenemente imperscrutável. Nossas conclusões apontam no sentido de um impasse que permanece em aberto para o pensamento contemporâneo; impasse que diz respeito à impossibilidade de se compreender, no limite, o exato sentido de processo histórico. Pois o que, para Kant, sempre esteve decidido como um movimento ativo e para frente, encabeçado e promovido (ainda isto possa ser uma ilusão), para Foucault – que acaba antes se descobrindo como produzido por uma historicidade ao praticar sua atividade - permanece oscilando entre passividade e atividade.

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