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Não é sobre mim que escrevo, é sobre o que gira ao meu redor
Author(s) -
Rosane Preciosa
Publication year - 2021
Publication title -
datjournal
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
ISSN - 2526-1789
DOI - 10.29147/dat.v6i2.411
Subject(s) - humanities , philosophy , art
Lydia Francisconi é uma escritora, já falecida, ex-interna do Hospi­tal Psiquiátrico São Pedro de Porto Alegre, que, de 2006 a 2009, participou de uma Oficina de Criatividade lá oferecida. Foi nessa Oficina que suas pala­vras floresceram e passaram a ser escutadas. Em 2010, seus escritos dispersos foram reunidos e se tornaram um livro que recebeu o título de ¨"O Sol que gira". A ideia que predomina entre nós é que em um hospital psiquiátrico só existem distúrbios e anomalias das quais devemos nos manter afastados. Mas onde parece haver apenas silêncio, existe uma infinidade de visões e sons que resistem ao aniquilamento, e que podem ou não sair do espaço de confina­mento. Lydia inventa um fora, mora sozinha numa kitinete. Neste artigo, pro­curaremos ativar uma escuta sensível dos escritos de Lydia, sublinhando os usos e desvios que praticava no seu exercício literário. Ela parecia ter clareza de que a experiência da escrita não era apenas um trabalho de transformação de si mesma, mas a possibilidade de criar para si um território de existência.

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