
Atravessamentos interculturais em tempos de covid-19
Author(s) -
Indyanelle Marçal Garcia Di Calaça,
Rita Morais de Andrade
Publication year - 2021
Publication title -
revista dobra[s]/dobra[s]
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
eISSN - 2358-0003
pISSN - 1982-0313
DOI - 10.26563/dobras.i32.1376
Subject(s) - humanities , covid-19 , art , political science , sociology , philosophy , medicine , disease , pathology , infectious disease (medical specialty)
O uso de máscaras de tecidos é uma recomendação da Organização Mundial de Saúde como parte das estratégias para impedir a transmissão da covid-19. Sua produção e venda têm sido um incentivo econômico tanto para empreendedores individuais quanto para grandes marcas. As novas condutas de higiene e a recomendação de uso de equipamentos de proteção individual poderão formar novos hábitos e moldar culturas. Este artigo apresenta um estudo feito a partir da análise de uma fotografia de máscaras produzidas com grafismos próprios pela Associação das Mulheres Indígenas Sateré Mawé (AMISM). A fotografia é de autoria de Samela Marteninghi e datada de 2020. O método utilizado para a análise da imagem é o proposto por Heloísa Capel. A partir dos elementos visuais da fotografia, discute-se a marginalização histórica dos povos indígenas, o uso das máscaras como estratégia de dupla sobrevivência e de atravessamentos interculturais e a importância dos grafismos como expressão de pertencimento identitário. Temáticas relacionadas aos modos de vestir das populações indígenas brasileiras ainda são raras nos estudos acadêmico-científicos. O reflexo de uma perspectiva eurocêntrica e colonialista pode ser percebida nas coleções de indumentária em museus e no currículo dos cursos de formação da área no Brasil. Essa educação, em conjunto com a cultura na qual estamos inseridas, afetam o modo como analisamos as imagens e vivenciamos nossas experiências visuais.