
Colecionando performances coreografadas
Author(s) -
Myrto Kakara
Publication year - 2020
Publication title -
revista museologia and interdisciplinaridade
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
ISSN - 2238-5436
DOI - 10.26512/museologia.v9i18.34558
Subject(s) - humanities , art , philosophy
Esse artigo aborda a aquisição de performances coreografadas e os desafios que provoca ao mundo dos museus. O museu há algum tempo é uma instituição destinada a colecionar arte tangível (MACDONALD, 2011; SHELTON, 2013; VERGO, 1989; e outros autores). Assim, eu estava interessada em descobrir como as instituições estão se adaptando à imaterialidade da dança adquirida por museus (BISHOP, 2014b). Para tanto, me referi ao conceito de objetos de museu dóceis e indisciplinados (DOMÍNGUEZ RUBIO, 2014) e os conceitos coreográficos de Andre Lepecki: corporalidade, efemeridade, pontuação e performatividade (LEPECKI, 2017). Sobre as abordagens desenvolvidas pelos museus para incluir performances coreografadas em suas coleções são apresentados dois casos: Staging: solo de Maria Hassabi (2017), adquirida pelo Walker Art Center, em 2018; e Punt.Point de Sara Wookey em colaboração com Rennie Tang (2013), adquirida pelo Van Abbemuseum, em 2018. Esta pesquisa investiga as estratégias de aquisição implementadas por museus, a fim de tornar dóceis as performances coreografadas indisciplinadas. Por meio do estudo do processo de institucionalização de duas performances coreografadas, o trabalho fornece uma nova compreensão do colecionamento de dança nos campos de estudos de museus e estudos da performance. Uma das principais conclusões foi que a maioria das estratégias aquisitivas implementadas pelas instituições se esforça para separar a obra de arte do artista, a fim de poder controlá-la melhor. Além disso, descobri que a personalidade e a identidade da instituição desempenham um papel vital na decisão de entrar no longo processo de aquisição de uma performance coreografada. Os esforços necessários para esta decisão são potencializados pela contradição inerente à aquisição de uma obra de arte sem substância material.