Entre mineiros, senhores de terra e o Estado: Alianças das montanhas nos Andes sul peruanos (1930 – 2012)

As ontologias Quechua pressupõem que os lugares que constituem a paisagem são pessoas dotadas de personalidade, intencionalidade e agência. Os lugares e as montanhas, em particular, são percebidos como agentes sociais ativos e poderosos. Elaborando sobre essa perspectiva Quechu, este artigo explora historicamente as diferentes formas como as montanhas participam em relações de poder na região de Cuzco (Peru). Em primeiro lugar, explora como as montanhas reagem, se opõem e se aliam frente à presença de empresas mineradoras e às comunidades locais no contexto do recente boom mineiro associado às reformas neoliberais dos anos noventa e aos altos preços dos metais. Logo, utilizando textos etnográficos produzidos na região desde os anos trinta, o artigo esboça as maneiras em que as montanhas interagiram com as instituições do Estado, os hacendados, e as comunidades Quechua durante boa parte do século XX, tomando a reforma agrária de 1969 como ponto de partida histórico.