COMO A SELETIVIDADE RACIAL GERADA PELA POLÍCIA CONTRA JOVENS EM CONFLITO COM A LEI GERA DESIGUALDADES EM SUAS ABORDAGENS E APREENSÕES?

Este trabalho tem como intuito compreender quais seriam as variáveis quantitativas e qualitativas dos mecanismos de seletividade racial em processos de abordagens e apreensões violentas cometidas por agentes de segurança pública contra adolescentes na cidade de Campinas, no estado de São Paulo. Foi construído um banco de dados que analisou as variáveis de raça, sexo, socioespacialidade e escolaridade dos atores envolvidos (adolescentes, policiais e curadores), tipificação dos crimes que os adolescentes teriam cometido e os tipos de violência que teriam sofrido. As conclusões obtidas reforçam os achados já encontrados nas pesquisas que relacionavam justiça criminal e raça com relação a maiores de idade, foi verificada a existência de padrões de seletividade racial nas abordagens e apreensões violentas, assim como foi traçado o perfil do jovem mais violentado pelas polícias campineiras: adolescente do sexo masculino, pardo, 17 anos e baixo nível de escolaridade. Policiais Militares são protagonistas nas ações ostensivas e, segundo as estatísticas, tenderam a utilizar o tirocínio como prática causadora da sobrerrepresentação negra nos casos analisados.