
É a linguagem um dispositivo? (ou o linguista enrubescido)
Author(s) -
Comissão Editorial
Publication year - 2019
Publication title -
abralin
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
ISSN - 0102-7158
DOI - 10.25189/rabralin.v17i2.510
Subject(s) - humanities , physics , philosophy
Neste ensaio, pretendo colocar em discussão a sugestão de Giorgio Agamben de que a linguagem funciona como um dispositivo, aproximando-a do que chamo de uma dramática saussureana a respeito da produção da Linguística como ciência geral da língua. Para tanto, recorro à problematização dos dispositivos e da assunção do conceito como ponto de viragem da arqueogenealogia foucaultiana, cujos efeito é forjar uma filosofia política baseada numa agonística entre o discursivo e o não-discursivo. No texto, então, volto-me para as análises que Agamben traça do estruturalismo e da teoria da enunciação benvenistiana, de modo a apontar no rubor e na vergonha uma modalidade de subjetivação que, em Saussure, materializa um desejo barrado, na emergência da Linguística, da inscrição autônoma do sistema. Dessa perspectiva, aproximo o rubor da hipótese de um dispositivo da linguagem, questionando-o sobre seus modos de subjetivação-dessubjetivação e sugerindo, por fim, a possibilidade de apontar, na rasura constitutiva em que se funda, as modalidades políticas de resistência e de liberdade que oferece.