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Fake News, desordem informacional e pânico moral
Author(s) -
Paulo Roberto Gonçalves-Segundo
Publication year - 2021
Publication title -
cadernos de linguística
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
ISSN - 2675-4916
DOI - 10.25189/2675-4916.2020.v1.n4.id261
Subject(s) - context (archaeology) , sociology , humanities , philosophy , political science , history , archaeology
Meu objetivo, neste artigo, é discutir o funcionamento sociossemiótico de fake news que reproduzem pânicos morais, considerando o contexto de polarização sociopolítica vigente no Brasil contemporâneo. Para isso, buscarei, em primeiro lugar, dialogar com a vasta literatura multidisciplinar sobre o tema, dando especial atenção à noção de desordem informacional. Em segundo lugar, a partir do arcabouço sociossemiótico, discutirei a minha hipótese de que essa modalidade de fake news consiste em um ponto de tensão entre o absurdo e o evidente. Para evidenciar tal hipótese e sistematizar um conjunto de estratégias discursivas que parecem relevantes na caracterização de tipos de desordem informacional, em especial, do vazamento, do contexto falso e do conteúdo manipulado, analisarei um vídeo produzido e publicado por uma youtuber conservadora, apoiadora da gestão Bolsonaro, que denuncia uma apostila supostamente elaborada pela Secretaria Municipal de Educação de Fortaleza, cidade gerida por um governo de esquerda, que objetivaria naturalizar o contato íntimo e sexual entre adultos e crianças, incentivar a masturbação infantil e ridicularizar a ministra Damares Alves, ela mesma vítima de violência sexual. Como resultado, posso arrolar: a detecção de uma estratégia discursiva geral – a ‘ubiquidade do exogrupo’ –, que parece fundamental para essa modalidade de fake news; ademais, caracterizam o vazamento as estratégias de ‘simulacro de diálogo com o endogrupo’ e ‘o uso de imagens como evidência’; em termos de falso contexto, os processos de ‘desancoragem espaço-temporal’, ‘transferência de responsabilidade enunciativa’ e ‘reconfiguração situacional’ se mostraram relevantes; e, por fim, em relação ao conteúdo manipulado, foram centrais a ‘diluição de fronteiras espaciais’ e a ‘adição de propósito imoral/criminoso’.

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