
O valor de verdade como ato responsável e responsivo
Author(s) -
Assunção Cristóvão
Publication year - 2021
Publication title -
cadernos de linguística
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
ISSN - 2675-4916
DOI - 10.25189/2675-4916.2020.v1.n4.id256
Subject(s) - humanities , philosophy , sociology
Este artigo analisou pressupostos de agência especializadas em checagem de fake news neste cenário em que, por conta das dificuldades enfrentadas pelos veículos de comunicação após a disseminação da internet, a checagem dos fatos se torna cada vez mais ausente no dia a dia das redações. O objetivo é mostrar o quanto a palavra verdade, não apenas aquela de discussão filosófica, mas também a factual, para o jornalismo, continua sendo uma crença que pode ser concretizada. Será utilizado como suporte teórico o livro Para uma Filosofia do Ato Responsável, de Mikhail Bakhtin, e como córpus as categorias de classificação de notícias da agência Lupa, ligada ao jornal Folha de S. Paulo, que usa as etiquetas “falso”, “contraditório”, “verdadeiro”, “ainda é cedo para dizer”, “exagerado”, “subestimado”, “insustentável”, “verdadeiro, mas...” e “de olho”. Para Bakhtin, “a ética material procura encontrar e fundar normas conteudísticas morais específicas, normas às vezes de validade universal, às vezes primordialmente relativas, mas em qualquer caso gerais, aplicáveis a todos” (BAHTIN, 2010, p. 71-72). Acontece que, para o filósofo russo, não existem normas especificamente éticas. Diz ele que cada norma encontra o seu fundamento específico na sua validação pela disciplina científica correspondente. Assim, o filósofo diz ser necessária alguma coisa que tenha origem em cada sujeito, precisamente a orientação do dever moral de cada consciência. Bakhtin vai propor então o que ele chama de ato responsável, no sentido mesmo de responsabilidade, mas que também pode ser traduzido por responsivo, conceitos a partir dos quais está amparado este artigo.