z-logo
open-access-imgOpen Access
Dos usos (e abusos) da cenografia jornalística
Author(s) -
Filipo Pires Figueira
Publication year - 2021
Publication title -
cadernos de linguística
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
ISSN - 2675-4916
DOI - 10.25189/2675-4916.2020.v1.n4.id221
Subject(s) - humanities , philosophy , political science , art
Neste ensaio teórico, busca-se discutir a relação entre duas formas de “imitação” do discurso jornalístico: as desnotícias (ou notícias satíricas) e as fake news.  Ambos os gêneros se espelham no discurso jornalístico para se construírem, ao mesmo tempo que produzem efeitos completamente distintos: um provoca o riso, o outro, a desinformação. Algumas questões se colocam: qual a brecha presente no campo jornalístico, tão afeito aos fatos e à verdade, que permite sua completa subversão para fins tão diferentes dos seus? Como ela é explorada? Por consequência, quais os efeitos e fundamentos dessa subversão? Este ensaio pauta-se pela tese de que o campo jornalístico funda-se através do rompimento com um discurso engajado: considera-se que a mudança de um regime discursivo pautado pela agenda política (como o discurso publicista) para um pautado pela competição econômica marca a fundação do campo jornalístico (CHALABY, 1998). É nesse rompimento que o discurso jornalístico institui como valor ético central de sua prática a “norma da objetividade” (que engloba outros valores, como neutralidade, equilíbrio, honestidade etc.). O que se pretende expor neste ensaio, portanto, é que, delegando a constituição de sua cenografia (isto é, o modo como constrói sua legitimidade frente aos leitores) ao controle do registro linguístico-discursivo, o discurso jornalístico abre espaço para outros usos cenográficos (como os da desnotícia e da fake news), de variadas matizes éticas, que se fiam na memória de sua legitimidade.

The content you want is available to Zendy users.

Already have an account? Click here to sign in.
Having issues? You can contact us here