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A escritura como hospitalidade em A queda do céu, de Davi Kopenawa e Bruce Albert
Author(s) -
Carolina Correia dos Santos
Publication year - 2019
Publication title -
veredas
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
eISSN - 2183-816X
pISSN - 0874-5102
DOI - 10.24261/2183-816x0728
Subject(s) - humanities , philosophy
Davi Kopenawa e Bruce Albert realizam juntos A queda do céu: palavras de um xamã yanomami. Considerado uma profecia, este livro de autoria complexa dá conta de um mundo (não só yanomami) visitado, colonizado, catequizado, invadido, defendido, ameaçado. O outro, aí, é o napë, palavra que passa a se referir ao conceito de branco, além de inimigo e estrangeiro. A partir da relação entre Kopenawa e Albert, proponho ler A queda do céu como performance que visa uma hospitalidade ainda desconhecida, que dissolveria o paradoxo mesmo que a constitui: pois aquele que é hospitaleiro deve ser o dono da casa, o proprietário, aquele que tem direito a um território e que, assim, o abriria ao outro. Minha hipótese é de que a hospitalidade por vir de Jacques Derrida seja possível hoje para um Yanomami e na relação que ele impõe a quem acorda, aos que dizem um tipo de “sim” no ato de ler A queda do céu. Ademais, A queda do céu, com sua origem múltipla, humana e não humana, corrobora uma autoria que desmente a propriedade e que impele o leitor a uma tomada de posição.