Retalhos de uma pnêumica

O artigo em forma de ensaio analisa os 11 segmentos do filme 11’09’’01, produzido por Alain Brigand em 2002. Esses segmentos foram feitos por 11 diretores de países diferentes. Todos eles tiveram liberdade para criar curtas-metragens alusivos ao ataque sofrido pelas torres gêmeas do Trade World Center em 11 de setembro de 2001. Havia, no entanto, uma exigência: cada segmento deveria ter onze minutos, nove segundos e um quadro. Neste ensaio esses segmentos são comentados a partir de uma noção específica de espiritualidade corpórea. Essa perspectiva antropológica, nomeada corpoética, entende a espiritualidade como pnêumica – uma respiração revestida pelos signos simbólicos, traduzindo desejos; uma respiração segunda, culturalmente reinventada. Não redutível à religião, a pnêumica corpoética é uma experiência e uma experimentação que parte da materialidade somática, passa por sua historicidade sócio-psíquica e se constitui como inventividade simbólica carregada de sentido/sentimento existencial mais pleno possível. De cada segmento do 11’09’’01, uma cena é escolhida para análise e comentário. Essa cena é reproduzida como objeto empírico para o exercício corpoético do enxergar neurofisiológico, do olhar epistêmico e do ver pnêumico. Nesse último se encontra o foco principal deste ensaio sobre uma pnêumica como espiritualidade corpoética.