
Sexo no Islã não é tabu: desejos, prazeres e práticas das mulheres muçulmanas
Author(s) -
Camila Motta Paiva,
Francirosy Campos Barbosa
Publication year - 2017
Publication title -
reflexão
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
eISSN - 2447-6803
pISSN - 0102-0269
DOI - 10.24220/2447-6803v42n1a3840
Subject(s) - humanities , philosophy , sociology
Pesquisar sexualidade na religião é tarefa complexa. Por mais que exista uma tentativa de afastar a religião do debate sobre a sexualidade, é fato que há um importante entrelaçamento entre estas duas categorias. Em todas as sociedades, definem-se as normas sexuais e delineiam-se quais seriam as transgressões, sendo a religião uma das instâncias de sua regulação. No caso do Islã, por estabelecer um código de conduta a ser seguido em todas as esferas da vida dos muçulmanos e das muçulmanas, inclusive no que diz respeito à vivência da sexualidade, sexo e prazer apresentam moralidade e ética específicas. Para entender quais são as práticas, vivências e sentidos atribuídos à sexualidade, é preciso antes considerar as prescrições do que é lícito (halal) e ilícito (haram) de acordo com a religião, em seus próprios termos. A partir do diálogo com mulheres muçulmanas e de aulas de religião frequentadas pela pesquisadora, serão tecidas reflexões sobre a concepção islâmica da sexualidade e suas implicações para o exercício da sexualidade feminina. Apesar das prescrições existentes, mesmo dentro da licitude do casamento, a prática sexual no Islã extrapola a finalidade reprodutiva. Há um incentivo aos prazeres, colocando a satisfação sexual como um direito de ambos os cônjuges. Torna-se crucial relativizar o clichê da mulher muçulmana sexualmente reprimida: diferentemente do que se pensa no senso comum, sexo no Islã não é tabu.