Obesidade e Fibrilação Atrial

A fibrilação atrial ocupa uma discussão central hoje no universo das arritmias cardíacas. O aumento da expectativa de vida que trouxe um substancial aumento de sua prevalência na população geral1 implicou em um aprofundamento marcante na compreensão dos seus mecanismos eletrofisiológicos, na identificação de fatores determinantes ou de potencialização da sua ocorrência e obviamente no desenvolvimento de estratégias efetivas de tratamento e de prevenção das suas complicações. Desde o clássico estudo de Wijffels et al., publicado em 1995 (Atrial Fibrillation Begets Atrial Fibrillation)2 demonstrando experimentalmente que frequências atriais artificialmente impostas ao miocárdio atrial implicam em mudanças eletrofisiológicas marcantes determinantes da própria ocorrência da fibrilação atrial, ficou claro que a arritmia uma vez iniciada potencializa a sua própria ocorrência e um processo constante de retroalimentação, cujo desfecho final ao longo do tempo é a instalação da arritmia em uma forma permanente. Contudo para que a fibrilação atrial ocorra é necessária a presença de um ambiente eletrofisiológico adequado, consequente à presença de diversos elementos que agridem o miocárdio atrial sob o aspecto elétrico e estrutural.