
Histórias de famílias de palavras: o caso de 'laranja' e 'cidra'
Author(s) -
Alina Villalva
Publication year - 2020
Publication title -
laborhistórico
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
ISSN - 2359-6910
DOI - 10.24206/lh.v6i3.35389
Subject(s) - nome , humanities , art , philosophy , mathematics , mathematical analysis , elliptic curve , quarter period
Laranja é um caso na história do léxico do Português por razões várias, nomeadamente conceptuais, etimológicas, semânticas e gramaticais. As razões conceptuais estão relacionadas com a dificuldade em saber exatamente se o nome que é dado ao fruto corresponde sempre ao mesmo fruto e se o fruto a que se dá o nome de laranja teve sempre esse nome, ou se outros nomes lhe estiveram ou estão ainda atribuídos. As razões etimológicas ligam-se à ausência de um elo na cadeia que liga o étimo remoto (Sânscrito nɑ̄raṅgɑ́h̥) à forma laranja, mesmo admitindo que a forma Árabe nɑ̄rɑ́nŷɑ assumiu um papel veicular. Quanto às razões semânticas, importa compreender o processo de polissemia que fixa laranja como nome de um projétil usado sobretudo em brincadeiras de Carnaval e como termo de cor. Acresce, por último, a necessidade de considerar a complexidade gramatical de laranja, que pode ser um nome feminino, um nome masculino ou um adjetivo, sem nunca mudar de forma.A resolução deste caso implica uma investigação em várias frentes, nomeadamente históricas, factuais e linguísticas, e sincrónicas, mas neste trabalho, dados os limites físicos, ficarão de fora os últimos cem anos. Esta investigação diz respeito à forma laranja e aos seus derivados (especialmente laranjeira, laranjal e laranjada), mas também a cidra e derivados (como cidrão, cidrada, cidreira e cidral), porque as duas se entrecruzam inevitavelmente. No final, espera-se chegar a uma narrativa coerente que conte a história destas famílias de palavras.