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Peirce e cibernética: retrodução, erro e autopoiesis no pensamento futuro
Author(s) -
Brunella Antomarini
Publication year - 2018
Publication title -
cognitio
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
eISSN - 2316-5278
pISSN - 1518-7187
DOI - 10.23925/2316-5278.2017v18i2p187-204
Subject(s) - philosophy , humanities , physics
O objetivo deste artigo é associar a lógica de abdução de Peirce à cibernética de sistemas vivos. Sistemas vivos não podem ser entendidos através de uma epistemologia causalista, pois se comportam conforme os efeitos e não conforme as causas. A cibernética analisou o modo pelo qual máquinas não triviais (ou seja, máquinas capazes de se reproduzirem por auto-correção) se movem através de retroação, ou circuito de retorno: a cada etapa, o sistema (efetor) corrige a etapa anterior, dependendo de até onde a etapa anterior pode ir em relação a um possível equilíbrio. A dinâmica implica uma possível inibição da energia excessiva seguida de um possível aumento da energia insuficiente. Cada uma dessas condições é um erro que se corrige automaticamente, atingindo um estado temporário de homeostase. A auto-correção significa que é preciso adicionar à saída um impulso adicional “criativo” que seja singular e imprevisível (ou um novo algoritmo). A lógica que é capaz de fazer sentido dessa dinâmica é a abdução de Peirce, também chamada retrodução, onde o ato inferencial retroage sobre um fato incompreensível, um “erro” epistemológico, inventando sua causa. O pensar e a auto-poiesis de sistemas vivos percorrem o mesmo caminho, substituindo estratégias ocasionais por causas universais atemporais. A abdução é a evidência de que é possível atingir uma condição de “conhecimento” sem apelar para causalidade. A possibilidade que as “leis da natureza”, (a própria ciência) possa seguir este caminho conclui o ensaio ao adicionar a noção do físico Lee Smolin do “princípio de precedência”, conforme foi inspirado pela ideia de Peirce da evolução das leis da natureza e seu caráter temporal, ou seja, contingente.

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