
A mulher com corpo de rio e nome de canoa: a simbologia da água em O outro pé da sereia, de Mia Couto
Author(s) -
Geovanna Dayse Bezerra Silva,
Vanessa Riambau Pinheiro
Publication year - 2020
Publication title -
teoliterária
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
ISSN - 2236-9937
DOI - 10.23925/2236-9937.2020v21p282-301
Subject(s) - humanities , art , philosophy
O presente trabalho tem como objetivo analisar o romance O outro pé da sereia, de Mia Couto, a partir da personagem Mwadia Malunga, protagonista de uma das narrativas paralelas apresentadas no enredo, a do ano 2002. Tomamos como recorte desse estudo essa personagem para evidenciar as formas simbólicas associadas ao elemento água predominantes na narrativa. Utilizamos, para o embasamento teórico, os postulados de Eliade (1991, 1992, 2010, 2011), Bachelard (1994, 1997, 2009, 2019), Chevalier e Gheerbrant (2016) e Jung (2011), bem como as explanações críticas de Leite (2012) e Fonseca e Cury (2008). Verificamos, no decorrer da análise, que Mwadia Malunga apresenta, em sua trajetória, um comportamento que se assemelha a forma simbólica do rio. O desenvolvimento da protagonista se dá por meio de viagens, reais ou fictícias, utilizando como veículo uma canoa pelas correntes de água do rio que cerceia o lugar onde mora. Evidenciamos em nosso estudo essa característica inerente à história da personagem e demonstramos, por meio da rede simbólica que o elemento água forma, que Mwadia, enquanto canoa, é o veículo que transita pela via interna de sua própria história, e pela via externa da história de seu povo.