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O fetichismo nosso de cada dia: a religião profana do capital – naturalização e dominação
Author(s) -
Renato Almeida de Oliveira,
Eduardo Ferreira Chagas
Publication year - 2018
Publication title -
kalagatos
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
eISSN - 1984-9206
pISSN - 1808-107X
DOI - 10.23845/kgt.v14i3.723
Subject(s) - humanities , philosophy
O presente artigo tem por objetivo explicitar e problematizar um dos aspectos que envolve a questão do fetichismo na obra de Marx, a saber: a naturalização das relações sociais fundadas na lógica reprodutora de mercadorias. A problemática do fetichismo adquire importância na esteira da luta pela autêntica emancipação humana. O modo de ordenamento do capitalismo, sua lógica de reprodução constante do valor, destrói a capacidade humana de se autorreconhecer como produtor da existência e de reconhecer, ainda, o caráter social de sua atividade. Os indivíduos viverem subjugados a um poder que, aparentemente, lhes escapa ao controle. Cria-se, desse modo, uma situação de dominação generalizada dos seres humanos. Assim, Marx procura demonstrar que no capitalismo os indivíduos vivem dominados por um poder estranho, que se lhe opõe de modo hostil, que o oprime, assim como os deuses fazem com os homens que não cumprem seus caprichos. O fetichismo é superado quando os homens compreendem que sua ação é o que confere poder aos objetos. Esta é a condição necessária para se pôr fim às ilusões do fetiche e o homem possa se reconciliar consigo mesmo. É importante salientar, contudo, que essa superação do fetichismo não é apenas um ato volitivo ou de tomada de consciência, mas uma luta e superação de um poder material, o poder do capital e de sua lógica de reprodução do valor. É consciente da necessidade dessa luta, dessa práxis emancipatória, que Marx deposita sua esperança na classe trabalhadora.

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