A CARNAVALIZAÇÃO DA HISTÓRIA EM GALVEZ, IMPERADOR DO ACRE

A reflexão histórica permitida pela literatura faz com que miremos marcos marginalizados do registro historiográfico. A obra Galvez, Imperador do Acre, de Márcio Souza, realiza exatamente esse movimento, tendo como pano de fundo a anexação do estado do Acre em território brasileiro. Dada a linguagem satírica e folhetinesca da obra, objetivamos, com esta pesquisa, observar de que forma a figura histórica de Galvez é representada sob a ótica da carnavalização literária de Mikhail Bakhtin. Avaliamos como a figura de Galvez é colocada frente a outras da obra, através do processo biunívoco da carnavalização. Uma vez que o carnaval é uma festa de rompimento de hierarquias, percebemos como o narrador protagonista faz uso da linguagem para ora rebaixar figuras poderosas, ora elevar figuras menorizadas. Assim, percebemos que os exageros tanto de linguagem, quanto da construção das figurações outrem as de Galvez, funcionam como um sinalizador para esse momento histórico e para a própria persona de Luis Gálvez Rodríguez de Arias, cujos registros historiográficos merecem maior reconhecimento e, como o carnaval popular, não deve passar despercebido.