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LIVRO SOBRE NADA: PRETEXTO PARA INOPEROSIDADE NO TEMPO-ESPAÇO
Author(s) -
Valdegilson da Silva Costa,
Vera Bastazin
Publication year - 2021
Publication title -
fólio
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
eISSN - 2176-4182
pISSN - 1808-3099
DOI - 10.22481/folio.v12i2.7407
Subject(s) - philosophy , humanities , art
Este artigo analisa o projeto literário de Manoel de Barros em Livro sobre nada (1996), obra cuja nota introdutória, em prosa poética, denominada Pretexto, propõe-se a atingir significações silenciadas e, simultaneamente, ampliadas, posto que, via silêncio, os significados se desalojam de convenções e adquirem sentidos em plena incompletude, por isso, adotamos como metodologia a análise da nota introdutória da obra, em que o artifício adotado pelo poeta para “atingir o nada mesmo”, ampara-se no conceito de inoperosidade, proposto por AGAMBEN (2018), de acordo com o qual a potência-de-não é a amplitude contemplativa e, simultaneamente, uma reação à obrigatoriedade de dizer. Livro sobre nada coloca em suspensão a função comunicativa da linguagem verbal e edifica a crise da palavra, por isso, age de forma a transformar, substancialmente, a realidade via discurso poético, pois sua ação é a busca por aquilo que está por vir na obra, por uma matéria que se anuncia, mas não se consolida, a exemplo do que propõe BLANCHOT (2005), de que resulta um inacabamento que cala aquilo mesmo que se profere por meio de imagens que atravessam o sujeito lírico sob forma de resquícios espácio-temporais.