
“Não sou curandeiro, sou cientista!”
Author(s) -
Felipe Magaldi
Publication year - 2020
Publication title -
áltera
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
ISSN - 2447-9837
DOI - 10.22478/ufpb.2447-9837.2020v1n10.44488
Subject(s) - political science , humanities , philosophy
Este artigo aborda as teorias e práticas terapêuticas preconizadas pelo médico e ator carioca Vitor Pordeus. Trata-se do coordenador da política pública municipal “Hotel da Loucura”, desenvolvida entre 2012 e 2016 no Instituto Municipal de Assistência à Saúde Nise da Silveira, situado no bairro do Engenho de Dentro, no Rio de Janeiro. O foco do projeto consistiu na oferta de atividades artísticas – sobretudo teatrais – como método de tratamento para os chamados transtornos mentais, tendo como público-alvo pacientes internos e externos à instituição. Com base em trabalho de campo etnográfico, o texto explora as controvérsias relativas à legitimidade dessa prática, consequências do contexto de triunfo da psiquiatria biológica, bem como o acionamento de discursos neurocientíficos e genéticos/epigenéticos para justificar sua validez e eficácia. Sustenta-se que a compreensão molecular da vida não se destina somente a alimentar um naturalismo determinista e reducionista, articulando-se também com práticas desprestigiadas na hierarquia dos saberes-poderes.