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O corpo da criança nas tramas da biopolítica
Author(s) -
José dos Santos Costa Júnior
Publication year - 2020
Publication title -
saeculum
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
eISSN - 2317-6725
pISSN - 0104-8929
DOI - 10.22478/ufpb.2317-6725.2020v25n43.54046
Subject(s) - humanities , philosophy , art , political science
O texto problematiza a emergência histórica do corpo infantil na Paraíba entre as décadas de 1940 e 1950 como o efeito de um dispositivo médico-pedagógico-assistencial, partindo da descrição e análise enunciativa do boletim da comissão estadual da Legião Brasileira de Assistência (LBA). Para isto, articula tal periódico com outras narrativas e saberes da época para inquirir as suas condições de possibilidade. Mobiliza-se um conjunto de fotografias, dados demográficos e textos presentes no periódico a fim de desenhar os contornos de uma genealogia da criança como sujeito de certos cuidados e investimentos socioeconômicos. A entrada do país na Segunda Guerra Mundial (1939-1945) gerou o cenário para redesenhar as políticas sociais com foco na infância e maternidade. Localmente, a Paraíba passava por transformações na gestão pública com o interventor Ruy Carneiro e a racionalização da administração. Tal projeto gerou conflitos com a Igreja católica no que dizia respeito ao tratamento de questões sociais como maternidade e infância, tratadas a partir de então pela primeira-dama Alice Carneiro na ótica da filantropia e não mais da caridade. Para pensar os conflitos e tensões que marcaram o processo em que a infância e o corpo da criança foram tomados como objetos de políticas específicas, mobiliza-se, metodologicamente, as ferramentas de Michel Foucault sobre a analítica do poder em interface com as formulações conceituais de Thomas Lemke e Laura Bazzicalupo sobre biopolítica, bem como as reflexões de Jacques Rancière e Georges Didi-Huberman sobre a historicidade das imagens. Analisa-se, portanto, as estratégias de captura e produção do corpo infantil na esfera pública, articulando-se a “disciplina” (anatomopolítica do corpo humano) e a regulação (biopolítica da população) para construir um projeto nacional.

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