
A VIOLÊNCIA NO CAMPO BRASILEIRO EM TEMPOS DE GOLPE E A ACUMULAÇÃO PRIMITIVA DE CAPITAL
Author(s) -
Marco Antonio Mitidiero,
Carlos Alberto Feliciano
Publication year - 2018
Publication title -
okara
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
ISSN - 1982-3878
DOI - 10.22478/ufpb.1982-3878.2018v12n2.41315
Subject(s) - humanities , political science , capital (architecture) , art , visual arts
A violência histórica no campo brasileiro pode ser entendida a partir de duas dimensões que ajudam, também, a explicar essa espiral de violência nos últimos anos, quais sejam: a violência estrutural característica do modo de produção capitalista, que é tomada como "uma potência econômico" por Marx, e as especificidades do capitalismo brasileiro, herdadas, basicamente, do passado colonial. Nesse momento da história brasileira, o golpe político-parlamentar/jurídico/midiático de 2016 e a intensificação da violência contra homens e mulheres do campo aparecem como irmãos siameses para privatização de terras e apropriação dos bens da natureza para a expansão do capital agronegócio. Essa irmandade intensificou um processo centenário de acumulação de capital que é o da "acumulação primitiva", o qual Harvey (2003) tenta dar contornos mais contemporâneos ao propor a teoria da "acumulação por espoliação”. Longe de ser um retorno ao passado, a acumulação primitiva de capital está presente ao longo de toda a história do capitalismo e de toda a história da formação social e territorial do Brasil.