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RUY DUARTE DE CARVALHO: CAMINHOS DE UM POETA ANTROPÓLOGO
Author(s) -
Laura Regina dos Santos Dela Valle,
Ana Lúcia Liberato Tettamanzy,
Comissão Editorial Nau Literária
Publication year - 2013
Publication title -
nau literária
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
SCImago Journal Rank - 0.1
H-Index - 1
ISSN - 1981-4526
DOI - 10.22456/1981-4526.43370
Subject(s) - art , humanities
A relação interdisciplinar entre a literatura e a antropologia tem florescido na escrita contemporânea. Alguns autores constroem suas personagens com base em longas pesquisas etnográficas. As vozes anônimas ganham vida ao serem traduzidas pelas vozes autorizadas dos escritores modernos. Desse modo, a ficção se transforma em uma maneira de dizer o que se vê nas diferentes culturas. Ver, interpretar, traduzir o mundo: a experiência passou a ser a inspiração literária de muitos autores modernos, e, consequentemente, a discussão envolvendo literatura e antropologia tem crescido de maneira produtiva e está abrindo caminho para novos estudos envolvendo os dois campos. Um bom exemplo disso é a escrita do angolano Ruy Duarte de Carvalho, que mistura elementos etnográficos em sua obra literária. Sendo assim, o objetivo deste trabalho é mostrar como se configura essa relação nas obras Os papéis do inglês (2007) e Vou lá visitar pastores (2000). Em ambas o narrador-autor desde o início apresenta traços bio(biblio)gráficos inusitados. Cito como exemplo a constante retomada referencial de personagens que o acompanharam em suas “deambulações etnográficas” em Vou lá visitar pastores. Nessa obra o narrador/autor conta sua própria experiência antropológica e observa as experiências dos outros para contá-las à sua maneira. Observamos que o olhar de Ruy Duarte de Carvalho está voltado para os povos e as culturas africanas, tanto que, mesmo em Os papéis do inglês, a história desse ilustre representante do Ocidente adquire valor secundário no decorrer da obra. Duarte produz narrativas permeadas por questões de identidade, memória e autoria em que se alternam papéis assumidos ora por ele “mesmo”, ora pelo “outro”. Para tanto, além da leitura das obras citadas, consideraremos conceitos como tradição e modernidade e pós-colonialismo a partir dos estudos de Laura Padilha, e discutiremos os pressupostos de James Clifford (2011) e Cliford Geertz (2009) sobre as aproximações entre antropologia e literatura.

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