
Os músicos cariocas no século XIX na perspectiva de Machado de Assis
Author(s) -
Gabriela Ruwer Guindani
Publication year - 2020
Publication title -
nau literária
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
SCImago Journal Rank - 0.1
H-Index - 1
ISSN - 1981-4526
DOI - 10.22456/1981-4526.104853
Subject(s) - humanities , art , philosophy
A autoria é parte importante na percepção de uma obra porque o sujeito que se forma a partir de determinadas experiências limitadoras, como foi o caso do negro no Brasil do século XIX, é, certamente, diferente daquele que corre na linha dos privilégios. No campo da literatura, essa verdade se torna especialmente assombrosa se pensarmos no caso de Machado de Assis. A omissão do fato desse autor não ser branco e, portanto, não desfrutar dos privilégios que a cor clara da pele traria durante um dos momentos da história em que a escravidão foi pauta importante revela uma crueldade por fazer crer que a figura por trás dos mais grandiosos livros da literatura brasileira teria pertencido a uma elite branca; e isso, somado ao papel dos escritores e artistas negros no paradigma da literatura e também da música, expressa o quanto ainda temos que lutar, como sociedade, para que a arte possa ser considerada livre e igualitária. Pensando nisso, este trabalho discute a representação, em três contos (O machete, Um homem célebre e Cantiga dos esponsais), que um escritor mulato, como eventualmente Machado é descrito, faz de artistas músicos, igualmente mulatos ou negros, a partir da premissa de que a vida de um autor se revela, através de rastros, em tudo que ele produz.