
Entre o romance e a poética representativa: Jacques Rancière e a ficção moderna
Author(s) -
Renan Ferreira da Silva
Publication year - 2018
Publication title -
viso
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
ISSN - 1981-4062
DOI - 10.22409/1981-4062/v22i/244
Subject(s) - humanities , philosophy
Partindo das reflexões de Jacques Rancière a respeito da obra literária do século XIX, esta apresentação pretende discorrer sobre a relação entre os conceitos de ficção e de “efeito de real” investigada pelo filósofo. Ao tomar o romance dito “realista” como paradigma de suas análises, Rancière questionará a noção de “efeito de realidade” postulada por Roland Barthes, aproximando a interpretação do semiólogo àquela dos críticos literários comprometidos com a posição que fundamentou a lógica da representação, cujo alicerce encontra-se na Poética e na Retórica aristotélicas. A poética da representação compreende a ficção como constituída de um enredo baseado na verossimilhança, pautado pelo encadeamento lógico das ações, passando a definir, assim, a obra artística como um tipo de estrutura hierárquica onde as partes devem se subordinar ao todo. Para Rancière, o romance realista foge aos critérios impostos pelo regime representativo. Mais do que um mero excesso descritivo, o romance inverte a sua cosmologia, inaugurando um novo regime poético marcado pela não hierarquia e pela igualdade de gêneros e temas, no qual o “efeito de realidade” aparece, na verdade, como um “efeito de igualdade”, revelando, assim, uma nova “partilha do sensível”.