
Desartificação da arte e construtos estético-sociais
Author(s) -
Rodrigo Duarte
Publication year - 2012
Publication title -
viso
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
ISSN - 1981-4062
DOI - 10.22409/1981-4062/v11i/115
Subject(s) - humanities , philosophy , art , sociology
Este artigo pretende examinar a relação entre a concepção de desartificação (Entkunstung), de Theodor Adorno, e a minha própria noção de “construto estético-social”. A primeira se refere à situação da arte numa época dominada pela indústria cultural e suas mercadorias, na qual, sob certas circunstâncias, os próprios artistas reduzem sua expressão a uma estrutura mínima a fim de prevenir as ameaças à sua arte por parte do “mundo administrado” (Adorno). Já o conceito de “construto estético-social é uma tentativa de compreender alguns fenômenos estéticos contemporâneos que apresentam, por um lado, traços de mercadorias culturais, já que renunciam à complexidade formal das obras de arte propriamente ditas e são – pelo menos parcialmente – veiculados por típicos meios de massa; por outro lado, eles não se enquadram totalmente na categoria de mercadoria cultural, uma vez que apresentam aspectos críticos à sociedade tardo-capitalista e são ligados a ações políticas originadas em comunidades muito pobres, que se entendem a si mesmas como dispostas a transformar aquela sociedade. Fenômenos que se enquadram na descrição de “construtos estético-sociais” podem ser encontrados, por exemplo, na cultura hip hop. A conclusão preliminar a que se chega é que, apesar de a arte desertificada e os “construtos estético-sociais” não serem exatamente a mesma coisa, há uma ligação subterrânea entre essas duas concepções, uma vez que ambas operam – de modo mais ou menos intencional – uma redução na forma de sua expressão a fim de fazer frente às exigências de uma cultura contemporânea autêntica.