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Testamento Vaginal Deixado Por Lilith: Corpo, Performance & História A Partir Da Obra Feminista De Carolee Schneemann
Author(s) -
Róbson Pereira da Silva,
Aguinaldo Rodrigues Gomes
Publication year - 2020
Publication title -
territórios e fronteiras
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
eISSN - 1984-9036
pISSN - 1519-4183
DOI - 10.22228/rt-f.v13i1.1020
Subject(s) - art , humanities , philosophy
O presente artigo objetiva compreender o processo de ressignificação das representações das imagens das mulheres pelo paradigma da performance que, de certa maneira, questionam o continuum de uma tradição de imagéticas femininas na história da arte. Assim, a ambiência contextual e sensível da segunda metade do século XX, sobretudo a partir da década de 1960, viabilizou a percepção do corpo como objeto de arte em seu “desenvolvimento de qualidades expressivas” (CARLSON, 2010, p. 115). Essa perspectiva será analisada por meio de performances artísticas, como Interior scroll [Pergaminho interior, 1975], da performer feminista Carolee Schneemann, pela qual é possível perceber as alterações que esse novo paradigma, a performance, oportunizou na história da arte – a hibridação de mídias, suportes e linguagens referentes à prática artística, em um processo de intersecção do corpo como produtor de visualidades, em que se pode consubstancialmente investigar uma “partilha do sensível” que infere no próprio campo da arte, dialogicamente interligando estética e política, visando, nesse caso, investigar a relação entre as corporeidades da mulher e as mídias, a tecnologia e as tendências comunicacionais e suas respectivas opressões. Outrossim, compreendemos os trabalhos de Schneemann como um ato de dessacralização do feminino sob as lentes e sonoridades produzidas com e pelo corpo, sendo ele suporte e meio. Suas performances são como um ato de quebra dos valores convencionais das relações entre arte e sociedade, sobretudo na própria história da arte e do feminismo naquele contexto contracultural, na medida em que, a partir de seu flerte com o grotesco, inverte a dialética de objetificação do corpo feminino inerente ao olhar masculino ao longo da história ocidental.