
O Sindicalismo no Século XXI: Entre a Necessidade de Redistribuição de Bens Materiais e o Clamor pelo Reconhecimento das Diferenças
Author(s) -
Ítalo Moreira Reis,
Maíra Neiva Gomes
Publication year - 2016
Publication title -
revista de movimentos sociais e conflitos
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
ISSN - 2525-9830
DOI - 10.21902/2525-9830/2015.v1i2.265
Subject(s) - humanities , sociology , political science , philosophy
O Direito do Trabalho é fruto das lutas sociais do final do século XIX e início do século XX. Lutas que a filosofia política classifica como reivindicações da justiça redistributiva, pois buscam a implementação da igualdade substancial, sob a perspectiva da distribuição dos bens materiais e do acesso igualitário a oportunidades. De fato, tanto as ideias marxistas, que inspiraram os movimentos por redistribuição de bens materiais, especialmente o sindicalismo, quanto o próprio Direito do Trabalho, tendem a encerrar suas análises e propostas, no ideal de combate à desigualdade econômica. No entanto, a partir da década de 60 do século passado, eclodiram novos movimentos sociais que contém reivindicações que extrapolam a questão redistributiva e requerem o reconhecimento da identidade de indivíduos e de novos agrupamentos sociais. No século XXI, - momento em que a falta de legitimidade dos movimentos sociais tradicionais, em especial aqueles que se organizam em torno da busca da justiça distributiva, como o sindicalismo, se revela acentuada -, os movimentos pautados pelo desejo de reconhecimento se apresentam com roupagem inovadora: as pautas mosaico. O tecido social se apresenta, no século XXI, recheado de complexidades e singularidades que vindicam reconhecimento e as lutas meramente distributivas, que homogenizam as reivindicações, encontram, a cada dia, mais dificuldades para se legitimar perante esse. A intenção do presente trabalho é elaborar um diálogo entre os principais teóricos do Princípio do Reconhecimento Charles Taylor, Axel Honneth e Nancy Fraser e buscar construir um conceito de justiça, que englobe as dimensões da necessidade de redistribuição de bens materiais e do reconhecimento das diferenças. A partir de tal análise, pretende-se oferecer instrumentos que possam auxiliar o sindicato, principal fonte material do Direito do Trabalho, a edificar um conceito interpretativo da dignidade, capaz de atender os anseios das minorias sociais, hoje invisíveis às teorias homogeneizadoras, que construíram os princípios norteadores deste ramo das ciências jurídicas.